Sozinha na sala de parto

Ela entrou na maternidade com uma bolsa de mão, um plano de parto e um coração acelerado. Tinha ensaiado mil vezes esse momento. Sabia a playlist que queria, quem estaria ao lado dela, como gostaria que fosse. Mas não foi.

RELATOS

5/21/20251 min read

a black and white photo of a hospital bed
a black and white photo of a hospital bed

O trabalho de parto começou numa madrugada chuvosa.

Ela ligou para o acompanhante que tinha combinado, mas ele não atendeu. Tentou de novo. Nada.

Era o pai do bebê.

Chegando ao hospital, as contrações já vinham fortes.

Ela preencheu formulários com a mão trêmula, avisou que estava sozinha e escutou de uma atendente:

“Mas ninguém vem com você, moça?”

A pergunta doeu mais que a dilatação.

Na sala de parto, o tempo virou um borrão.

O anestesista tentou fazer piada, a obstetra foi profissional, mas distante.

A técnica de enfermagem segurou sua mão por cinco segundos — e foi a coisa mais humana que ela viveu ali dentro.

Ela pariu. Sozinha.

Sem alguém pra filmar, sem alguém pra dizer “vai, você consegue”, sem olhos que a olhassem com amor.

Mas ainda assim, ela pariu.

E foi gigante.

Hoje, ela olha pro filho dormindo e sabe que foi forte.

Mas também sabe que nenhuma mulher deveria passar por isso assim.

Sozinha.

Esse texto é inspirado em relatos reais. Talvez seja parecido com o seu. E se for, quero te dizer: você foi (é) corajosa pra c**.

E não tá sozinha agora.

Lembrete sempre importante:

Esse texto é um conto com base em vivências reais compartilhadas por mulheres. Eu não sou médica nem especialista em saúde. Aqui no e aí, mami, a gente só quer transformar dor em palavra, e palavra em acolhimento.