Sim, eu estava grávida. Mas também era líder de projeto, publicitária, mulher.

Eu engravidei num momento bem intenso do trabalho. Estava à frente de uma entrega gigante, com equipe nova, prazos malucos e muita expectativa. Não era o “momento ideal” — mas existe isso?

RELATOS

5/21/20251 min read

woman sitting beside table using laptop
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Quando descobri a gravidez, fiquei em êxtase e, ao mesmo tempo, tomada por uma insegurança absurda: “será que vão me ver diferente?”, “será que vão me tirar do projeto?”, “será que vão achar que agora eu sou frágil?”.

E não demorou muito pra essas perguntas virarem realidade.

Tive que ouvir que “talvez fosse melhor deixar outra pessoa tocar”, que “era bom eu me poupar”, que “gravidez mexe com a cabeça da gente”. Teve gente que parou de me convidar pras reuniões mais importantes. E teve também quem começasse a me tratar como se eu fosse de porcelana.

Eu estava ali. Com a barriga crescendo, mas com o cérebro funcionando. Com sono? Sim. Com enjoo? Também. Mas comprometida. Preparada. Disposta.

Me esforcei. Dei o meu melhor. Tive dias difíceis — e outros de orgulho. Continuei sendo boa no que faço. Continuei sendo EU. E sim, precisei de pausas. Precisei de acolhimento. Mas não precisava de pena, nem de desconfiança.

Foi nessa jornada que percebi como o ambiente de trabalho ainda vê a maternidade como um obstáculo. Como ainda é difícil reconhecer que uma mulher pode gestar e liderar, nutrir e negociar, parir e apresentar resultados.

Hoje meu bebê tá aqui comigo, no colo. E eu olho pra trás e penso: que bom que eu não desisti. Que bom que continuei me escolhendo. Porque a gente não deixa de ser profissional quando vira mãe. A gente se transforma. E isso também é potência.